Antropólogo cuidou de programas de televisão que apresentaram senador ao eleitorado no primeiro semestre
NATUZA NERYDE BRASÍLIAVERA MAGALHÃESEDITORA DO PAINEL
A poucos meses da largada eleitoral, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), principal candidato da oposição à Presidência, terá de trocar seu marqueteiro de campanha.
Segundo a Folha apurou, o antropólogo e publicitário Renato Pereira e o senador romperam o contrato iniciado no primeiro semestre para a realização dos programas de TV do PSDB. O encerramento da parceria se deu por "diferenças de visões" na estratégia de comunicação.
O afastamento foi formalizado nos primeiros dias do mês, mas mantido em segredo. Hoje, Aécio lança um documento com 12 propostas para o país. O rompimento só seria divulgado depois.
Nos bastidores, mesmo quando as chances de cancelamento do contrato já eram grandes, o senador se mostrava satisfeito com o resultado do seu programa partidário, veiculado em setembro, produzido por Pereira. Mas o pré-candidato pouco adotou os conselhos do marqueteiro para o segundo semestre.
Tucanos afirmam que Renato Pereira insistia para que Aécio Neves rodasse o Brasil com uma agenda mais distante da política tradicional, enquanto o senador se concentrava em agendas partidárias.
A contratação de Pereira, sócio da agência Prole, era apontada pelo senador como um dos trunfos para tentar chegar ao Planalto. Nem Pereira nem Aécio foram achados para comentar o rompimento, que é confirmado por pessoas próximas a ambos.
Quem procurou o senador para indagar sobre o assunto nos últimos dias ouviu que a parceria estava mantida até o fim do mês e que não havia garantias de renovação. Evitava, assim, dar o rompimento como definitivo.
Aécio tem dito que gostaria de adotar uma estrutura colegiada para o marketing de sua campanha, como fez nas suas eleições em Minas.
Responsável por todas as últimas eleições do governador Sérgio Cabral (PMDB), Renato Pereira é visto no mercado como uma das revelações do marketing político.
Fez também a campanha de Henrique Capriles contra Hugo Chávez, na Venezuela, em 2012, ocasião em que enfrentou o brasileiro João Santana, que pilotará a campanha de Dilma Rousseff.
Houve, desde o início da parceria entre Pereira e Aécio, uma diferença de estilos e concepção de comunicação.
Aécio achava que deveria repetir a receita que lhe deu a vitória duas vezes em Minas, e o publicitário se ressentia de falta de autonomia.
Os dois encerraram a parceria em clima amistoso. Aécio definirá a equipe em 2014. Aliados do senador gostariam que ele recorresse à dupla Rui Rodrigues e Paulo Vasconcellos, que fez as campanhas do partido em Minas desde 2002.
Fonte: Folha, 17.12.13